Impaciencia na visão Espírita



Prezados amigos, bom dia.

Em um fórum que participo sairam algumas colocações sobre a impaciência em nosso dia-a-dia; como forma de "teste" para que vençamos os nossos defeitos e, quando não conseguimos e perdemos a calma, nos sentimos culpados.

Porém antes de nos sentirmos culpados precisamos compreender que a impaciência, assim como todos os outros defeitos que temos, faz parte do pacote que é ser um espírito "simples e ignrante buscando a perfeição".

A prática do auto-perdão é o comportamento ideal para não nos culparmos pelos nossos erros e falhas e seguirmos em frente, evitando a culpa que paralisa.

Este comportamento, porém, somente poderá chegar quando acompanhado de mais alguns amigos: o conhecimento, a compreensão e o esforço.

Conhecimento de nossas limitações e possibilidades através da busca do auto-conhecimento; verificar ao final do dia o que fizemos, onde erramos e onde acertamos; olhar no espelho de nossas almas e identificar os nossos defeitos e qualidades; é um processo difícil e penoso; mas que vale a pena tentar iniciar.

Compreensão que somos humanos e espíritos em crescimento, por isso é natural que erremos e que percamos a paciência, a compostura e até o amor diversas vezes em nossas existências; percebendo que "natural" não quer dizer "correto". São duas propostas diferentes de comportamento. Os que acham natural compreendem que erraram e tentam corrigir o erro; os que acham correto continuam no erro, percebem? Conheço muitos companheiros de Doutrina que dizem "os defeitos não podem ser vencidos todos de uma vez" e ficam onde estão sem buscar se melhorar, utilizando isto como desculpismo.

Esforço para tentar vencer as nossas defecções da melhor maneira possível e sempre que pudermos; se cairmos novamente não há problema, levantamos e seguimos em frente, nos esforçando para "vencer as nossas más inclinações e sermos hoje melhores que ontem e amanhã melhores que hoje". O esforço na modificação íntima é a força necessária para que o auto-perdão funcione.



Somente podemos nos perdoar quando percebemos que, mesmo errando, estamos seguindo o caminho que leva ao melhor; e normalmente este caminho é formado por pedras e quedas (familiares, amigos, tentações, problemas, dores, etc).

Aí, com esta equipe em nossos pensamentos, podemo seguir o nosso caminho em busca da verdade, que um dia nos libertará de nossos erros e sofrimentos.

Muita Paz


Sonhos na visão Espírita


Queridos amigos, bom dia.

Recebemos através do nosso formulário "Entre em contato" a pergunta mostrada logo abaixo:

"Gostaria de saber porque eu sonhei e quando acordei o que eu estava sonhando estava realmente acontecendo,...isso me entriga,outras coisas tambem já me aconteceram a respeito disso"

Segue abaixo a resposta que enviamos à pessoa:

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_____________, bom dia.

Cada coisa que acontece tem sua explicação e um motivo de ser; estes processos de sono e sonhos são verificados por kardec nas perguntas 400 a 418 de O livro dos espíritos, vale a pena ler e estudar.

Uma coisa é certa: quando dormimos o nosso espírito de desliga parcialmente do nosso corpo (processo chamado desdobramento) e pode se deslocar par outros locais, entrar em contato com outros espíritos encarnados ou desencarnados e, por consequencia, também acompanhar fatos e acontecimentos que estejam ocorrendo em tempo real, enquanto o nosso corpo dorme.

Não é comum o fato de lembrarmos nitidamente dos eventos vivenciados nestes desdobramentos, no mais das vezes ficamos apenas com algumas recordações confusas ou com alguma sensação interna de lembrança.

Se no fato que você narra houve a possibilidade de você lembrar nitidamente e verificar que era o que estava acontecento, isto pode se dar por alguns fatores, entre eles:
- permissão da espiritualidade maior para que você lembrasse com algum motivo específico para esta lembrança;
- o fato marcou demais a sua psique e foi mais forte que a "dormencia" do sono e permaneceu vivo em suas lembranças;
- você estava envolvida demais emocionalmente/psicologicamente/fisicamente com o fato e por isto guardou tão forte recordação;
- necessidade de tomar alguma decisão ou atitude após o ocorrido e por isso a lembrança permaneceu, para dar base ao que haveria de ocorrer; entre outros.

De qualquer forma não se preocupe porque não é nada anormal nem que traga motivos de preocupação.

Posso então dizer que o fato de vivenciar em sonhos fatos que aconteceram na realidade apenas indica que o seu espírito estava realmente presente na hora, provavelmente desdobrado; Já dos fatos vivenciados e lembrados não posso opinar.

Espero ter sido de alguma valia.

Muita Paz.

O Perdão na visão Espírita


A grande maioria de nós, humanos, temos a convicção íntima que não é fácil perdoar; mesmo que nos esforcemos e tentemos realizar o ato supremo de amor e caridade indicado por Jesus quando proferiu as palavras eternas "Amai aos que vos odeiam, perdoai os que vos tem ofendido, orai pelos que vos perseguem e caluniam"(Mt 5:44).

Talvez o grande impacto em nossas mentes seja o fato do Mestre haver utilizado a palavra "amar"; pois em nosso íntimo não compreendemos como podemos amar às pessoas que nos odeiam ou que nos maltratam.


É fácil amar a um filho(a), companheiro(a), familiar e até àqueles que são agradáveis a nós; mas amar a um inimigo é, dentro de nossas convicções, ainda impraticável.

Grande parte desta distonia entre o que devemos e o que achamos que podemos fazer talvez se deva a um problema de compreensão da palavra "amor".

No mais das vezes compreendemos o amor como um sentimento; porque que vivemos o amor(ou suas variações) por outras pessoas que nos são agradáveis e então criamos o paradigma que amor está necessariamente vinculado a sentimento.

A moderna psicologia, bem como os grandes estudiosos do comportamento, trazem uma nova visão quanto a este fenômeno - o amor.

Hoje os melhores especialistas traduzem o amor como um comportamento, e não apenas como um sentimento.

Esta afirmação pode até causar um certo incômodo e espanto na maioria de nós; porém se fizermos uma análise veremos que tem um grande sentido. Quando amamos a uma determinada pessoa - vivendo o sentimento do amor - nós praticamos o ato de amar; em palavras mais diretas: temos o cuidado de não fazer coisas que machucam, a sensibilidade de compreender seus erros, a benevolência de dividir nossas coisas, a caridade de fazer o melhor que podemos a toda hora, etc.

Assim acabamos por perceber que temos total controle sobre as escolhas que fazemos quando agimos com amor - amor neste caso é escolha de comportamento, de maneira de ser - e não apenas um sentimento, pois sobre os sentimentos nós não temos poder de controle.

A escolha de amar vai, por consequência, gerar o sentimento de amor que nos vinculará afetivamente às pessoas que nos são agradáveis

O sentimento tem, por assim dizer, vida própria. Para compreender melhor notemos que quanto estou apaixonado(sentimento do desejo e atração) e meu "amor" não é correspondido eu sofro por não ter controle para deixar de desejar àquela pessoa; Eu não consigo simplesmente deixar de sentir o que sinto, assim como não consigo também controlar os sentimentos de raiva, tristeza, frustração, ansiedade etc.

Já o comportamento é escolha minha; percebamos que mesmo quando eu não sou correspondido eu posso escolher me afastar daquele alguém ou direcionar a minha atenção para outro pólo; e a repetição contínua deste comportamento vai gerar um hábito, que no mais das vezes vai sobrepujar o sentimento, nos tornando melhores (quando criamos hábitos tendo em vista vencer nossos defeitos).

Voltando então a Jesus, é sobre isso que ele fala quando nos convida a "amar" os inimigos - Não de sentir o amor por quem não gostamos (isso é impossível) - mas de não viver aquele desamor e agir com amor para com ele: Não desejar o mal, não agir com raiva ou grosseria, não buscar prejudicar a pessoa, em palavras simples: não se vigar.

Assim fica fácil compreender o que Jesus queria dizer com esta palavra "amar" e fica mais claro o caminho que leva a esta atitude, não acham?

Entendendo o amor como um comportamento percebemos que o perdão também deve ser algo assim, pois o amor e o perdão sempre andam lado a lado.

Quando estou em palestras eu costumo dizer brincando que perdoar não é esquecer; quem esquece tem amnésia ou alzheimer...

É humanamente impossível esquecer que alguém me fez mal, ou o mal que alguém me fez.

Façamos uma rápida análise tomando como exemplo o caso de uma pessoa que tenha perdido alguém querido nas mãos de uma pessoa envolvida com o crime ou drogas; é perfeitamente normal e natural que se tenha sentimentos como revolta, ódio, raiva, frustração, dor, etc. A grande pergunta vem agora: como aprender a perdoar neste caso?

O perdão esquecimento é praticamente impossível em uma ocasião destas; mas o perdão comportamento já não o é.

Para que possamos utilizar o perdão comportamento temos que partir de uma capacidade que todos temos, mas poucas vezes queremos utilizar - a compreensão. Normalmente somente compreendemos o que nos é mais agradável e relegamos ao não esforço a compreensão do que nos desagrada; deixamos então os sentimentos agirem e tomamos muitas vezes decisões que geram arrependimentos futuros.


Perdoar não é fácil; mas com o auxílio da compreensão temos a ferramenta certa para abrirmos as portas de um comportamento de perdão.

Partindo do caso acima mencionado vimos que é normal o sentimento negativo em relação ao autor do crime; porém se pararmos para refletir internamente e formos em busca pelo real fato motivador do ocorrido, veremos que: o criminoso é fruto de um meio social violento e desumano, sua família(quando existe) é provavelmente desajustada, sofreu desde criança o assédio e a influencia de ver o crime como única forma de garantir o que a sociedade mais preza: dinheiro e poder; assumiu um papel de inflingir violência e dor como defesa contra o meio em que vive; não tem um apoio das instituições públicas no tocante a emprego/moradia/saúde e principalmente educação, etc.

Assim analizando, quando buscamos às raizes deste problema e imaginamos o que nós faríamos se vivêssemos esta mesma situação - aplicando a máxima do Cristo: "ao próximo como a tí mesmo" - a que conclusão chegaríamos?

Independente de colocações sociais,políticas ou religiosas, Eu sou sincero em dizer que, muito provavelmente, eu faria o mesmo que ele faz.

Assim, colocando-se no lugar do malfeitor e entendendo todo um contexto que gera o fato, na maioria das vezes nós poderemos - não esquecer o que houve - mas compreender o nosso irmão que erra e utilizarmos de um comportamento de perdão para com ele; buscando que a sociedade ofereça a estas pessoas recuperação e não punição, orientação e não alienação, comportamentos de amparo e não de destruição.

Não é fácil, e no mais das vezes nós ainda nem temos capacidade de tentar fazer isso, devido ao nosso atual estágio evolutivo; mas é o caminho para aprender a perdoar e a seguir os ensinamentos de Jesus.


Nos esforcemos por compreender e aprender a viver estes ensinamentos, seguindo o caminho que leva à evolução íntima; e sejamos nós todos as candeias (ou pessoas-candeia) - que o mestre falava - que do alto do velador servem de exemplo para os que as rodeiam.

Muita Paz a todos.

Objetivos e desejos na visão Espírita



Estava agora há pouco parado olhando para o computador quando de repente, saída do nada, veio aquela vontade de escrever algo.

Ultimamente tenho ido a alguns lugares e cidades diferentes da minha e percebido na maioria das vezes que as pessoas buscam as soluções mais práticas para os seus problemas, sem buscarem os caminhos que levam a elas.

Querem o dinheiro para pagar as dívidas mas não desejam trabalhar por ele.

Querem comida para aplacar a fome mas não querem plantar ou criar nada, nem merecer o alimento pelo suor do rosto.

Querem alguém que as ame incondicionalmente e que ceda aos seus desejos, sem que tenham que ter compromisso com estas pessoas, podendo descartá-las quando desejarem.

Querem os louros das vitórias e o merecimento dos justos, sem se esforçarem para conseguir.

Na casa Espírita não é diferente:
Desejamos participar de um trabalho de assistencia social mas não queremos sair de casa no domingo pela manhã;

Queremos ajudar na sopa ou no pão, sem termos que sair às ruas para socorrer quem precisa;

Ansiamos por uma vaga na equipe mediúnica, sem estarmos dispostos a estudarmos a mediunidade ou a deixar de lado alguns prazeres que não são compatíveis com tal decisão;

Desejamos nos comunicar com os espíritos, mas não desejamos estudar o espiritismo que torna tudo isso possível e abre nossas mentes para novas verdades; entre outros.

Durante sua pregação breve (de poucos anos) o Nosso Mestre nos ensina que toda colheita vem de um plantio. Que ao que bate: a porta se abre; e que ao que busca: encontra... ele explicita claramente que é necessária a ação para que exista uma reação, falando em termos da física; ou em termos de espiritismo uma causa para que aconteça um efeito.

Para todos nós que buscamos melhorar através da prática e/ou comparecimento constante de uma religião, qualquer religião, é muito importante, do meu ponto de vista, que tenhamos sempre em mente alguns aspectos:

- se buscamos um grupo para caminharmos juntos é porque reconhecemos que, no mais das vezes, não temos a força suficiente para caminhar sós; e que se estivermos acompanhados é muito mais difícil de cairmos nos tropeços ou pisarmos nos espinhos do caminho.

- A religião que buscamos deve representar o que nós realmente acreditamos, ou tentamos acreditar, uma vez que, se a orientação for contrária aos meus conceitos pessoais, em muitas vezes me verei desestimulado a seguir com aquele trabalho e muitas outras estarei com o pensamento vagando ao longe, enquanto poderia estar presente.

- É necessária a compreensão, senão total, mas pelo menos da maior parte das premissas religiosas que venha a defender, para que quando conversar comigo mesmo(questionando-me), ou com outros, tenha uma base sólida em meus conhecimentos que me permita expor minhas convicções com clareza e segurança.

- O fato de comparecer aos compromissos religiosos frequentemente e de participar de reuniões e de encontros promovidos pelo grupo a que pertença não vai significar nada se este mesmo compromisso não for seguido pelo desejo real de viver as orientações do Mestre com o meu comportamento integral, me esforçando para vencer os impulsos negativos que assolam minha mente e meus pensamentos.

- A luz que brilha dos ensinos de Jesus, a força que vem da oração contínua e do jejum das más tendencias é o caminho seguro a seguir nesta caminhada rumo ao aperfeiçoamento de nós mesmos, então não deve ser deixada para amanhã ou depois... o tempo é agora!

Assim, finalizo este breve comentário com a observação que a vida sempre nos trará cada vez mais daquilo que doamos de nós mesmos; já dizia jesus: Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se forem maus, quão grandes serão as trevas que haverão em ti. O modo como observamos as coisas com maledicencia ou bondade, inveja ou gratidão, orgulho ou humildade, mentira ou verdade; isso vai sempre influenciar o modo como vivemos e como seremos.



Busquemos ser sempre verdadeiros e compromissados com o Amor do Cristo, porque mesmo nenhum de nós sendo perfeito, podemos sempre nos esforçar para sermos hoje melhores que ontem; o que nos falta, no mais das vezes, é a coragem de mudar e a força de vontade para agir.

Muita paz.

A Homossexualidade na visão Espírita


Seminário:
Homossexualidade na visão Espírita

Proferida no Núcleo de Estudos Espíritas Mensageiros da Paz - Água Preta - PE




Mediunidade - Observações
Proferida no Grupo Espírita Obreiros da Caridade - Palmares - PE

Busca interior na visão Espírita




Programa Fonte de Luz:


15/08/09 - Cristo e a busca de todos nós

Escute estes e outros programas online em:
http://www.radiobomespirito.com/programa.html

Influencias espirituais na visão Espírita


Seguem abaixo algumas das palestras que proferí no período das férias em alguns centros amigos nossos.

Influencias Espirituais
Proferida na Escola Espírita Espaço Esperança - Bezerros - PE

O Consolador Prometido
Proferida no Núcleo de Estudos Espíritas Violeta Griz - Palmares - PE

Reação
Proferida no Grupo Espírita Obreiros da Caridade - Palmares - PE


Deus na visão Espírita



Programa Fonte de Luz:
11/07/09 - Deus na visão Espírita

Escute estes e outros programas online em:
http://www.radiobomespirito.com/programa.html

Vegetarianismo na visão Espírita

Outra matéria que recebí por email (valeu Ramon!) e que acho muito interessante.


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A questão da alimentação sempre foi motivo de discussão. A abstenção desse ou daquele alimento sempre foi discutida e recomendada, e teve variadas finalidades de acordo com o povo, a época, a cultura e a região.


Conhecedor de tal realidade, Kardec perguntou ao Espíritos:
"A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?"
"Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde, é permitido. Mas os legisladores puderam interditar alguns alimentos com uma finalidade útil. E para dar maior crédito às suas leis apresentaram-nas como provindas de Deus". (O Livro dos Espíritos, questão nº721 )


Hoje, no meio espírita, tem crescido a idéia da carne como sendo um alimento impuro, que poderia interferir inclusive no potencial mediúnico dos médiuns e até no destino espiritual das criaturas. Um dos responsáveis por tais idéias: o polêmico espírito Ramatis.

O livro "Fisiologia da Alma", psicografado pelo espiritualista e vegetariano radical Hercílio Maes, aborda o vegetarianismo muito mais em consonância ao pensamento hinduísta, radicalizando a questão e abordando-o sob um suposto prisma "espiritual". Daí, foi um pulo para que certos "espíritas", na verdade simpatizantes de Ramatis, passassem a dizer que não se podia ser verdadeiro espírita aquele que consumisse carne. O radicalismo de Ramatis no citado livro é tanto que, recentemente, um dos seus médiuns chegou a escrever em seu site: "Não acredito em vegetarianismo radical e não sou vegetariano", comentando sobre algumas idéias polêmicas contidas nos livros de seu antecessor, o paranaense Hercílio Maes.

A postura de gigantes no entendimento doutrinário em relação ao modismo vegetariano foi firme.


A difusão no movimento espírita da "idéia" de que comer carne vermelha é proibido aos médiuns foi tida por Herculano Pires como típica do "misticismo igrejeiro", ou resultante da contaminação por idéias do orientalismo mágico, constituindo-se, assim, em um flagrante engano, do ponto de vista científico-doutrinário.

Observemos que o tema não escapou a Kardec e aos Espíritos Superiores:
"A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?"
"Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização". (Em "O Livro dos Espíritos, questão 722)

"A abstenção de alimentos animais ou outros, como expiação é meritória?"
"Sim, se o homem se priva em favor dos outros, pois Deus não pode ver mortificação quando não há privação séria e útil. Eis porque dizemos que os que só se privam em aparência são hipócritas".(Ver item 720.) (O Livro dos Espíritos, questão nº724)

"As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?"
"Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito". (idem, questão nº 720)

Referindo-se justamente às crenças hinduístas, em que até mesmo animais perigosos à saúde humana, como baratas e ratos, não podem ser mortos, Kardec indagou:
"Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm mérito especial?"
"É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade". (O Livro dos Espíritos, questão nº 736)

Vejamos ainda o que consta de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
"... Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer as leis de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre arbítrio o fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido o é, pelos acidentes que causa. Sereis por acaso mais perfeitos, se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos? Não, a perfeição não está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Dobrai-o, subjugai-o, humilhai-o, mortificai-o: é esse o meio de o tornar mais dócil à vontade de Deus, e o único que conduz à perfeição."

Tal ensino está em perfeita conformidade com o do Cristo, exarado nas seguintes passagens:
"E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem". (Mateus, XV:11).

"E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não faz imundo o homem". (Mateus, XV: 16-20).

O comentário ao ensinamento de Jesus, contido n'O Evangelho Segundo o Espiritismo, é incisivo:
"...Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem."

O respeitado médium José Raul Teixeira, certa feita, comentou a respeito, no que tange à relação entre consumo de carne e prática mediúnica:

Pergunta: "A alimentação vegetariana será mais aconselhável para os médiuns em geral?"
Raul Teixeira: "A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita. Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias de reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes. A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente. Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente. É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade. Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o "médium" Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne". (em "Diretrizes de Segurança")

Para os hinduístas, assim como para Ramatis, espírito que ainda traz impregnado certos atavios religiosos e culturais, dos quais não conseguiu despir-se, o ato de fazer abstinências, mortificações ou de cumprir rituais é mais fácil do que perdoar, vencer o orgulho, o ódio e o egoísmo. Muito fácil realmente, para os hipócritas, apegarem-se a fórmulas simplistas e idéias de ordenanças sagradas, pois lhes dão uma ilusória sensação de pureza.

Preocupado com o radicalismo da argumentação ramatisiana, o médium Wagner Borges, que afirma psicografar o citado espírito oriental, arrumou a seguinte justificativa, contida em seu livro "Viagem Espiritual":
"O conteúdo das idéias expostas no livro "Fisiologia da Alma" é de sua autoria, mas o radicalismo das opiniões é de Hercílio Maes, que era fanático por vegetarianismo (...)"

De qualquer forma, falta ao movimento ramatisista reconhecer tal interferência anímica e providenciar uma completa correção nos livros de Ramatis, não é mesmo?

Assim sendo, para finalizarmos, pensamos que cada um tem o direito de seguir a dieta que bem entender, sem a pretensão de impor suas preferências às outras pessoas, sob qualquer pretexto.


Todos somos do ponto-de-vista que os excessos são prejudiciais, e não é isso que está em questão. Alimentar-se com parcimônia é saudável e constitui-se em prática ideal para todo aquele que deseja ter saúde.


Fonte: Espiritismo x Ramatisismo