Desencarne de um trabalhador espírita na visão Espírita


Queridos amigos, bom dia.

Recebemos hoje através do nosso formulário "Entre em contato" a pergunta mostrada logo abaixo, infelizmente a amiga que enviou não colocou o seu email corretamente, para que pudéssemos entrar em contato direto com ela, por isso estou postando aqui na esperança que ela ao acessar novamente o www.bomespirito.com veja a sua resposta.

"Eu sou espirita,gostaria de saber como ,fazer em um desencarnar de um trabalhador do centro espirita, que faço? O católico tem uma missa! E o espirita tem o quê"?

Prezada Amiga,

É realmente muito pertinente sua questão porque na grande maioria dos casos as pessoas realmente ficam com esta dúvida.

Diferente da religião católica os Espíritas não utilizam estes sacramentos e rituais como: Confissão dos pecados, Extrema unção, Missa para encomendar a alma, Missa de 7º dia, 30 dias e etc; embora respeitemos as crenças e decisões das outras religiões em relação aos seus dogmas e práticas.

A Doutrina Espírita por entender que não precisamos de "intermediário" para chegar a Jesus e também que cada um de nós é responsável pelo seu estado mais feliz, ou menos feliz, nos orienta que, ao desencarnar, cada espírito se encontrará em um estado que apresentará sintonia com os seus comportamentos e companhias em vida, permanecendo assim pelo tempo que necessitar.

Na maioria das vezes temos amigos espirituais nos aguardando para receber e orientar do outro lado, embora passemos por algum tempo de desorientação, que pode ser maior ou menor; mas isto tudo já no plano espiritual.

No plano material a situação é outra. Mesmo que estejamos convictos que o amigo que partiu esteja bem e em uma situação de amparo espiritual, todos ficamos com o sentimento da perda em nossos corações, principalmente os familiares e os mais íntimos.

Por estarmos em um país onde a grande maioria é católica e, provavelmente, uma parte da família do desencarnado será de outra religião que não a Espírita, acredito que deva ser levada em conta a adoção do velório, dando às pessoas que necesitem, uma última chance de olhar para o corpo do desencarnado; alguns espíritos dizem inclusive que espíritos em resgate muitas vezes participam de seu próprio velório.

O enterro é tradicional na lei brasileira e, em alguns estados, pode-se optar pela cremação; estes dois atos são necessários inclusive para descartar os despojos materiais que logo entrarão em decomposição.

Chega então a parte mais sensível do acompanhamento do desencarne, quando o corpo já está enterrado e se preparam os rituais de passagem/lembrança para o desencarnado.

Como eu disse antes, muitos dos familiares do desencarnado podem ser de outra religião, provavelmente católicos, neste caso é normal que realizem missas e outros rituais para auxiliar o espírito do desencarnado a ir para o céu.

Como um espírita deve se portar nesta situação? Vou reponder por mim: sempre que me convidam para ir a uma missa eu compareço e participo com todo respeito que é devido a situação; embora não faça os rituais, cânticos, senta-levanta, etc. Fico sentado e faço minhas orações em benefício do desencarnado. A mesma coisa faço também em enterros. Embora não goste de enterros, fui a dois(minha avó e meu avô) e respeitei as pessoas que alí estavam com suas crenças diferentes da minha e suas atitudes de tristeza e desespero (é inclusive uma boa oportunidade para praticar o consolo para os que precisam).

É necessário lembrar sempre que os sentimentos que apresentamos aqui na carne, em relação aos que partiram antes de nós, sempre chegam até eles. E se forem de desespero, dor, tristeza intensa ou depressão, os nossos queridos sentirão tudo isso; se forem, ao contrário, sentimentos de amor, bondade, boas lembrancas, eles se sentirão mais fortes e revigorados a seguirem o seu caminho.

Ficar triste com a partida de um ente querido é normal, o que devemos evitar é ficar chamando o tempo todo pelo desencarnado ("fulano, me ajude"; "fulano, como vou vencer este problema"; "fulano, fale com jesus para me ajudar", etc), porque este procedimento prejudica MUITO a paz e a tranquilidade do espírito nosso amigo, que se desespera porque não pode nos auxiliar.

Como espíritas, esclarecidos pelos postulados da Doutrina, devemos evitar este tipo de comportamento e informar os outros também. Muitas vezes, mesmo em pessoas com religiões diferentes, existe um respeito e aceitação às informações que vem dos espíritas, porque as pessoas consideram que nós estamos "mais próximos" dos que se foram do que elas próprias.

Algumas vezes poderão chegar para você e dizer "eu queria falar com fulano, como posso fazer"? ou então "mas já faz tanto tempo que ele morreu, será que não vai mandar um recado"? E a estas pessoas devemos explicar que tudo no mundo espiritual segue um procedimento organizado e que muitas vezes os espíritos não podem ou não devem se comunicar com os encarnados naquele momento porque seria pior para ambos.

Por fim, no centro espírita não temos missa ou culto especial para os que desecarnam, porém podemos ter um minuto para uma prece em favor do espírito desencarnado; fazer vibrações de paz e amor nas reuniões mediúnicas da casa; lembrarmos dele(a) em nossas orações diárias e contribuir assim, com nossas orações, para o seu desenvolvimento no mundo espiritual, como nos orienta o Livro dos Espíritos; lembrando sempre que não é a quantidade de orações que vai fazer a diferença e sim a qualidade do sentimento de amor que eu coloque em minhas palavras.

Espero ter auxiliado a sua dúvida e quero lembrar que as opiniões acima são pessoais minhas, não posso falar pela Doutrina Espírita, porque não tenho moral para isso; mas acredito que estejam coerentes com o que pregamos.

Muita Paz.